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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre a arte de fazer poemas

Há tempos que não escrevo, não por falta de assunto, mas por falta de um tempo para isso e também um tanto desacreditada de minha proposta sobre viver um dia de cada vez. As vezes não é tão simples assim...

Esses dias estive pensando sobre minhas aulas sobre poesia, mais do que interpretação, eu estava ali falando de rimas, de quadras, mostrando modelos de poemas conhecidos e outros de pessoas comuns a fim de engajar meus pequenos. Digo pessoas comuns, porque poetas são seres dotados de luz, de compreensão, de imaginação, de uma sensibilidade que nos comove e que nos faz pensar.

Desacreditei sim da capacidade deles, achei que estava pedindo demais, e, conforme já disse, fui surpreendida pela simplicidade das palavras, pela estrutura do poema. Teriam nascidos poetas? Ou será que não havia notado ainda que leciono para seres iluminados?!



Minha mãe sempre diz que essa deve ser minha missão, ensinar e aprender com aqueles alunos da escola. E talvez ela tenha razão... Eu deveria mesmo estar naquele lugar azul e branco, como carinhosamente me refiro.

Pensando sobre o fazer poema, cheguei a conclusão de que nunca tive uma aula assim, nunca me pediram para escrever um poema sobre nada. Eu que tanto gosto, que sempre me atrevi nos versos nunca fui desafiada a uma construção em estrofes.
Fiquei triste com isso.
Lembro-me apenas como introdução à poesia ter tido como tarefa escolher um poema de que eu gostasse. Pesquisei e fiquei em dúvida entre dois, dos quais não me esquecerei - Dispersão (Mário de Sá Carneiro) e Marcha de Quarta-feira de cinzas (Vinícius de Moraes).

Marcha De Quarta-Feira De Cinzas

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz


Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.


Depois disso, os poemas eram trabalhados apenas como interpretação.
Partindo para a faculdade, escrevi muita coisa, poemas tristes e engraçados, poemas ásperos e doces.
A língua inglesa também me apresentou a poemas fantásticos e, na época, até me atrevi a escrever minhas ideias em língua estrangeira.
Mas, outra vez, ninguém havia me pedido nada, era uma escritora voluntária dos versos.



Mas por que nunca me pediram um poema? Sempre uma dissertação, uma narrativa ou qualquer outro tipo de texto?!
E rapidamente me vem a resposta...
Fazer poemas não aprova ninguém no vestibular, além do que o mundo não precisa de poetas, precisa de máquinas, de força, agilidade, esperteza, competência e nenhum pouco de sensibilidade.
Os poetas são seres de luz, choram em teus versos, criticam sabiamente, festejam qualquer simples alegria...
O mundo não precisa de poetas, mas os poetas precisam do mundo para tornar esse lugar em que vivemos melhor, mais cheio de encantos e de humanidade.

6 comentários:

  1. Achei muito lindo esse poema: "Marcha de quarta-feira de cinzas", eu nunca tinha lido antes, achei muito interessante. Gostei também do conteudo apresentado!

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  2. Verdade, Alice, nunca eu avia antes entrado neste site, achei muito chefe, legal, me ajudou bastante, muito bom mesmo...:)*

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    1. Verdade vinicius amigo e alice muito bom mesmo, é 1º vez que entro e achei muito interessante...! valeu, gostei muito, obrigado amigos por ter me enviado um email com o endereço deste site!

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  3. Galera achei muito bom mesmo,,,,!
    Eu não sabia que existia esse site...!
    Vou enviar PARA toda a GALERA esse site, por email!
    Realmente muito legal, demais!

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  4. Olha, de repente entro aqui e vejo comentários novos! Que bom que gostaram! Sejam bem-vindos ao blog e deixem comentários sempre que desejarem!

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