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sábado, 12 de novembro de 2011

Comprometida: ter com o amor (um pouco) mais de cautela do que com tudo!

A postagem de hoje é dedicada ao livro Comprometida, Uma história de amor de Elizabeth Gilbert, a mesma autora de Comer, Rezar e Amar.

Liz nos conta seus pensamentos a respeito de um assunto que mescla realidade e sonho: o relacionamento amoroso.
Desacreditada como tantas mulheres devido a desilusões, Liz tem medo de se casar mais uma vez, de encarar uma vida a dois depois do fracasso, de fazer promessas que não poderá cumprir, de jurar uma amor que não sabe se vingará.
Mas, já no início do livro, há uma citação: "Não há risco maior que o matrimônio. Mas nada é mais feliz do que um casamento feliz".

Não sei se li o livro em um momento certo de minha vida, talvez se eu tivesse um noivo ou um casamento à vista. Porém o livro fez com que eu pensasse em muitos aspectos, possivelmente tenha me deixado mais preparada, se um dia esse momento chegar.

Recentemente conversei sobre o assunto com meus alunos do oitavo ano, que têm crescido comigo na escola. Eu os conheci no sexto ano, quando ainda tinham aqueles olhares curiosos. Tínhamos que desenvolver uma redação cujo tema era "Meu projeto de vida" para um concurso promovido pelo Conselho Tutelar de Monte Sião. Foi nesse momento que refletimos sobre a temática: Como falar de um projeto de vida tão cedo, quando eu mesma não tinha um... hahahaha Demos muita risada, mas saíram excelentes produções.

Foi nesse ponto que contei a eles o que eu tinha de projeto de vida, mas vou me limitar ao casamento.
Achava que eu casaria entre os 25 ou 26 anos, mas, com o passar do tempo, esse meu "projeto" se desfez por inúmeras razões, um namoro que se dissolveu, outro que não vingou, ainda há aqueles relacionamentos em que faltou vontade, coragem, que não houve sintonia etc.
Posso me lembrar da época da faculdade em que minhas professoras solteironas diziam que eram felizes sem ter marido e filho para cuidar, que podiam passar a noite lendo, sem qualquer compromisso. Eu ria e dizia: isso não pode ser verdade. Aposto que choram pela solidão. E ,em todos os casos, eu as imaginava cuidando de uma samambaia hahahahah

Até que brinquei, no ano passado, que não tinha arrumado um casamento, e estava esperando minha samambaia. Ainda não a recebi, mas 2012 pode ser que ela apareça rs.

Liz já tinha vivenciado uma experiência como essa, não teve filhos, fez parte da Brigada das Tias, passou pelo divórcio, e encontrou uma nova pessoa em sua vida: Felipe. Tentou não dar nome ao relacionamento, fugir do matrimônio, do julgamento alheio, mas o destino deu-lhe um ultimato.

Liz tentava se acalmar repetindo uma famosa oração mística formidável: "Tudo dará certo, e tudo dará certo, e todo tipo de coisa dará certo."

Ela queria ter certeza de que não se machucaria, que estava com o homem certo e que este a faria completamente feliz.
Confesso que temi a que ponto essa história chegaria, quais dicas, lições e pensamentos seriam transmitidos por ela e passariam a fazer parte de mim também, porque é inevitável não se passar por ela, seja na distância entre eles, na liberdade que ela tinha, no medo de fracassar, no encantamento, nas discussões e até no desespero frente ao casamento. 
 
Liz passa a pesquisar o casamento em diversas culturas, em sua família, em diferentes épocas e nos mostra várias curiosidades: pessoas que tinham casamentos fantasmas, outras que se casavam  (e ainda casam) por interesse, ainda aquelas que se casavam por um dia somente, entre rituais diversificados para tal etapa da vida.
Mas uma coisa que me chamou a atenção e que me fez rir foi sobre a Índia. Todos os romances indianos que li mostram um povo miserável, sofrido, dramático, e não é que lá tem o DIA NACIONAL DO CORAÇÃO PARTIDO??! Só podia ser na Índia. Uma nova data para se registrar: 03 de maio... hahahahaha
Quem nunca teve, por uma noite que seja, um coração partido?!?!


Ao ler também queremos ser um pouco de Liz, uma mulher que, apesar de toda insegurança, dá o primeiro passo rumo à nova vida, não teme questionar, nem obter respostas, não abre mão de sua carreira, de seus planos e sua liberdade, e, com certeza, merecidamente, encontra um homem com seus defeitos e qualidades que faz dela apaixonada, completa, realizada, cujo sonho é apenas ter  com ela um bule de café. Tanta simplicidade e grandiosidade em um desejo...

Recomendo a leitura para todas mulheres que já desacreditaram alguma vez no amor, para outras que têm casamento marcado e para a Lara (por razões que nem sei explicar ao certo, mas pensei nela algumas vezes).

Em muitos momentos da leitura você vai dizer:

Também sou assim.
Também fiz.
Também acreditei.
Verdade.
Será? 
É.... 
Será!

"(...) assim que decido que alguém é imperdoável, essa pessoa assim será pela vida toda, eliminada para sempre, sem aviso prévio, explicação, nem segunda chance."

Deixo aqui um pouco do que apreciei...

"A pessoa com quem resolvemos nos casar talvez seja a representação mais viva da nossa própria personalidade.(...)Afinal de contas, não existe escolha mais íntima do que a pessoa com que vamos nos casar; em grande parte, essa escolha nos diz quem somos."

"As nossas canções falam das mesmas coisas que todas as canções do mundo: o amor perdido e alguém que roubou o seu cavalo mais veloz." (Há frases totalmente poéticas. Como gosto...)

"Fui criada para acreditar que era especial."

"Plantei canteiros e canteiros de grandes expectativas. Fui uma semeadora extraordinária de expectativas grandiosas, e tudo que consegui colher com o meu esforço foi uma safra de frutos amargos."

"A minha vida me pertence e se parece comigo."

"Talvez fosse útil para mim admitir que também peço muitíssimo. E peço mesmo. Permitiram-me esperar grandes coisas da vida. Permitiram-me esperar muito mais da experiência de amar e viver do que jamais se permitiu à maioria das mulheres da história."

"Por que preciso desse homem? Só porque preciso dele porque, por acaso, o adoro, porque a sua companhia me traz alegria e consolo e porque, como me disse o avô de um amigo, ' às vezes a vida é dura demais para ficar sozinho, e às vezes é boa demais para ficar sozinho'. Ele também só precisa de mim pela minha companhia. Parece muito, mas não é: é apenas amor."

"Antes de ir para a guerra, reze uma oração. Antes de ir para o mar, reze duas orações. Antes de se casar, reze três. Eu, por mim, pretendo rezar o ano todo."

"Buda ensinou que a maioria dos problemas, se lhe dermos tempo e espaço suficientes, acaba se desgastando."

"É difícil que haja um presente mais generoso que se possa dar a alguém do que aceitar a pessoa por inteiro, amá-la quase apesar dela."

"Há prazeres da vida dele que jamais serão meus."

"Por que ela foi feliz? Porque sabia ser indispensável na vida de alguém. Era feliz porque tinha um parceiro, porque estavam construindo algo juntos, porque acreditava profundamente no que estavam construindo, porque se espantava de estar incluída nessa empreitada."


"(...) Tínhamos flutuado pelo planeta num único barco salva-vidas, balançando juntos na incerteza. Por enquanto, a união era nossa única força."

"Às vezes, a vida é confusa e mal-ajambrada. Fazemos o possível. Nem sempre damos o passo certo."

"No final, os casais tendem a vencer." (Amém)
...

Por fim, desejo que cada mulher possa, um dia, ouvir o canto de Roma para que 'cintilaem as estrelas mais brilhantes': Roma, não seja estúpida esta noite! E que sejam dois comprometidos com o amor, com o outro, até que um tenha que levar a pá e a lanterna para o outro...

Observação: Não sou muito de analisar imagens e capas, mas, quando um amigo comentou, concordei. Nada muito elaborado nas capas dos dois livros de Elizabeth Gilbert. Vale aqui: Não julgue o livro pela capa. O conteúdo é muito bom! (Porém a crítica é válida).