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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Um sonho no caroço de abacate

Gosto da forma com que os livros aparecem em minha vida. "Um sonho no caroço de abacate" surgiu por meio de uma indicação de um amigo e colega de trabalho: Clóvis, que simplesmente o pegou da biblioteca e pediu que eu lesse quando pudesse, que ele tinha lido há muito tempo e gostado da história.  


Eu já tinha começado a ler Michelle Obama, mas resolvi fazer a leitura simultaneamente. Não fazia ideia do que se tratava, e me atrevi ao enredo de Moacyr Scliar (que sempre pronunciei erradamente até ouvi-lo nessa indicação). De repente os dois livros me colocavam diante do preconceito também racial, da luta de uma minoria por um espaço que é direito de cada um: ser respeitado enquanto indivíduo acima de tudo, livre para fazer suas escolhas e viver em paz.

O livro é narrado em primeira pessoa, é Mardoqueu quem conta sua história, filho de judeus que passaram por dificuldades, os quais  vêm para o Brasil em busca de melhores condições de vida. A esposa tinha sonho de comer abacate, que acaba sendo uma grande metáfora de uma vida melhor.

Os pais vão fazer de tudo para que o filho tenha melhores condições, e, assim o matriculam em um colégio católico, onde ele sofrerá bullying e perseguições de todos os tipos.

Excluído por ser judeu, Mardoqueu encontrará Carlos, excluído também por ser negro. Para agravar a situação, ele irá namorar a irmã de Carlos, também negra, e sofrerá novos ataques.


A sensação que eu tenho, assim como ao ler Michelle Obama, é que os negros sentem-se inferiorizados e vivem tentando provar que são capazes, como se fosse uma batalha interna, como se travassem batalhas diárias com um passado cruel e segregacionista.

Vale a pena ler o exemplar. É curto, simples, um livro que nos faz colocar no lugar de outro, na pele do outro e sentir esse preconceito que deve ser combatido. 

Obrigada, Clóvis, pela dica de leitura. Adorei. Mais uma história que carrego comigo.


SELEÇÃO DE TRECHOS...

"Juro por Deus, qualquer Deus, o do Antigo, do Novo ou do Novíssimo Testamento."

"Fazíamos parte da imensa cadeia de apaixonados que, desde o começo dos tempos, se sucede sobre a face da Terra: homens e mulheres que se descobrem, se amam, e depois desaparecem, não sem passar adiante a tocha flamejante da paixão, para outros que também vão se descobrir e se amar."

"Nem todos amam os que se amam."

"(...) Me deu uma alegria selvagem, uma espécie de vertigem, a vertigem que deve preceder o salto do paraquedista vazio."

"Não tínhamos nada a perder, a não ser o medo."



Até a próxima postagem.
Agora, oficialmente, de férias escolares.
Não se pode dizer que foi um ano concluído 
com sucesso, mas que presenciamos capítulos 
dramáticos que nos fizeram pensar 
muitas vezes que estávamos 
vivendo o fim de uma educação de qualidade, 
 a qual é um direito garantido por lei 
e desmoralizado pelo próprio sistema.
Se tem algo que nos faz continuar 
é a fé em dias melhores,
a esperança que depositamos no futuro 
e o surgimento de alunos
que fazem valer a pena cada dia 
que acordamos cedo e seguimos
o dia todo em uma jornada de trabalho. 
Somos professores por eles, pelo futuro 
e pela educação que ainda acreditamos 
que possa ressurgir das cinzas cremadas
depois de  praticamente dois anos de pandemia.