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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

PARA ONDE ELA FOI

Depois de ler, E SE EU FICAR, que mostra o drama de Mia, menina talentosa que perde toda sua família em um acidente, queremos saber PARA ONDE ELA FOI, livro que dá continuidade à história.

O que teria acontecido com Mia? O livro mostraria o lado após a morte? O que teria acontecido com sua vida? Teria ela coragem e força para dar sequência à sua trajetória? Em que se apegaria para continuar? Onde ficaria Adam nessa nova fase?



O segundo exemplar dá show. Contraria qualquer tese que diz que o primeiro é sempre melhor... Em PARA ONDE ELA FOI, Adam conta a história sob seu ponto de vista... É de ler com o coração batendo na garganta, como se fosse a nossa vida escrita em páginas, como se eles deixassem de ser personagens de uma história e passassem a ser parte da gente...

Reencontrar Mia foi inesquecível. Depois de tanto tempo, naquela circunstância... da forma com que tudo aconteceu... acaba nos tirando qualquer reação. Ficamos tão surpresos com cada atitude, com cada explicação; tal como Adam.

Mia simplesmente seguiu sua vida, mas ninguém a segue sozinha, quando se tem um amor, seja ele em forma de Adam, ou de Teddy (irmão), de Kim (sua grande amiga), de seus avós ou até de pais, os quais embora mortos, sempre estarão vivos em seu dia-a-dia, se configurando como muito mais que apenas uma lembrança.
Há uma grande diferença entre se lembrar de quem se foi e viver quem se foi de uma forma única, para que a dor seja apenas suportável.

SE VOCÊ TIVESSE UMA SEGUNDA CHANCE PARA O PRIMEIRO AMOR... VOCÊ ACEITARIA? Mia dá sua resposta nesse livro, e cada leitor dentro de si é capaz de responder...




Acontece que há uma promessa feita mesmo de forma inconsciente, que mostra exatamente o poder das palavras. Mia e Adam são desafiados nesse romance: ela obrigada a conviver com a perda de quem se fora, e ele obrigado a aceitar a partida de alguém que a cada dia está mais viva do que nunca.

Sem nenhuma explicação, Mia foi... tentando se reconstruir em um novo espaço, em um novo formato. Qualquer passo para trás seria voltar para um cenário não mais feliz, intenso, mas de certa forma cinza, escuro e dolorido. Se Adam estava nesse espaço relacionado ao seu passado, teria que se afastar dele também.

“Vou te deixar ir. Se ficar.”



Ele pediu para que ela ficasse... Mas o preço foi caro, entretanto a vida tem suas formas de recompensar, quando se trata de algo verdadeiro como o amor.



MINHA SELEÇÃO DE TRECHOS

“A vida aconteceu.” (Segunda vez com que me deparo com essa frase, e acho que é a melhor explicação para qualquer desfecho, qualquer situação... Que responde aquela famosa pergunta: O que aconteceu?)

“Serei seu erro, você será o meu.
Foi o que assinamos, você e eu.”

“(...) me cansei de tentar. Então me justifiquei. É assim que os relacionamentos adultos são, como fica o amor depois de umas cicatrizes de guerra.”

“(...) há uma grande diferença entre saber que algo aconteceu e saber por que aconteceu, e acreditar nisso. Porque, quando ela cortou o contato, sim, eu sabia que havia acontecido. Mas levei um longo, longo tempo para acreditar.
Em alguns dias, eu ainda não acredito.”


“Ela não manteve um catálogo atualizado de cada conversa que tivemos? Isso se chama seguir em frente.”

“-Quer saber onde os espíritos da minha família vivem?
- Estão aqui – ela diz, batendo no peito. E aqui – ela completa, cutucando as têmporas. – Eu os ouço o tempo todo.”

“Você cruzou a água, me deixou para trás
(...) Comecei a seguir e percebi tarde demais
A terra firme que você deixou para trás.”

“Largar não é difícil. Decidir largar é difícil. Quando você decide, o resto fica fácil.”

“Pensei em todas as meninas cujas costas eu não pude esperar para ver indo embora.”

“Todo mundo quer um pedaço de mim quando não há pedaços suficientes para distribuir.”

“(...) acho que estou entendendo o conceito de encerramento. É parecido com o sentimento melancólico que você tem no final de férias. Algo especial está acabando, e você está triste, mas não pode ficar triste, porque foi bom enquanto durou e haverá outras férias, outros bons tempos.”



(...) É quase como ter minha foto na parede também. Um pequeno pedaço de mim ainda existe, mesmo que a maior parte não possa existir.” (Quando de repente se encontra algo que era seu)

“Há tantas coisas que eu gostaria de dizer a ela; acima de tudo, que eu sempre estive pronto.”

“-Onde você vai nesse meio-tempo. Se alguém precisar de você.
- Diga a todos para não precisarem de mim.”   

“Não há pele suficiente, saliva suficiente, tempo suficiente para os anos perdidos que nossos lábios estão tentando compensar enquanto encontram um ao outro.”

“- Não é justo!
- E quem te disse que a vida é justa?
(Outra frase recorrente... Que, mais do que isso chega a ser uma verdade.)


“Eu também queria entender o que ela ouvia no silêncio.”

“Você não me divide. Você me tem.”

Até a próxima postagem:
Paixão Crônica.. delícia!






quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Felicidade Crônica

Que delícia que foi ler esse livro FELICIDADE CRÔNICA de Martha Medeiros... Há um tempo já acompanho frases e crônicas pelo "O Pensador", mas nunca tinha lido um livro, algo com continuidade... Como ela se parece comigo no jeito de pensar, de escrever, nos pontos de vistas e nos gostos.

E o que é a felicidade crônica: curtir a vida, ter amor-próprio, família e outros afetos; viagens e andanças. Portanto, quando li, também fiz umas fotos de alguns capítulos publicáveis de minha felicidade crônica... as quais vou usar para estampar esta postagem.


Gostoso ler algo com o qual nos identificamos, como se pudéssemos dizer... É exatamente isso que penso, que acho, que sinto, que vivo. Aproveitar a vida de forma leve,  não viver de aparências, aproveitar os momentos, comemorar, arriscar, não ter medo de mudanças, encarar a vida, achar graça nas pequenas coisas, ver o lado bom de tudo, olhar o mundo com um pouco de poesia... Esses são alguns dos aspectos que me fascinaram, o que pode parecer clichê. Porém a forma com que ela aborda os temas é de uma liberdade e de uma espontaneidade exatamente como se define mesmo a crônica: uma conversa à vontade.

O livro é de ler no sol ou na sombra, com um marca-texto em mãos... Porque são muitos trechos que merecem destaque. Eu diria que Martha Medeiros merece destaque e ganha espaço em minha estante.



Dei risada por ela não achar graça, como eu, em Montanha russa; por encarar o casamento como uma experiência que pode vir a falhar; entre outras verdades jogadas do modo mais claro em suas páginas: vida, morte, presente, futuro, filhos, amores, amigos...   Por outro lado, também li crônicas em que ela nos dá um tapa, fala o que não queremos ouvir, é um "presta atenção", um "acorda"...

Até mesmo, em meio à apresentação, há um trecho que também tenho a ousadia de pensar que pode se referir à minha vida futura (quem sabe...)


"Eu havia alcançado um sonho que nem sei se era meu, mas sei que ainda é o de muitos: viver de escrever."

Há crônicas de todos os tipo: algumas para rir, outras para emocionar, fazer refletir ou simplesmente encantar.

Vou destacar algumas para você, leitor, sair a caça com sede de cada uma dessas:

- Le champagne (divertida)
- Desejo que desejes (linda)
- Vende frango-se (inteligente)
- Nasci assim, vou morrer assim (engraçada)
- Em que esquina dobrei errado? (reflexiva)
- Admitir o fracasso (reflexiva)
- Nossos velhos (triste)
- Carta ao João Pedro (linda)
- Carta ao Rafael (linda)




Outra característica marcante em suas crônicas é a vasta referência de filmes e livros que nos faz pensar: preciso conferir!

Para essas férias que aqui começam, é uma ótima dica!

MINHA DELICIOSA SELEÇÃO DE TRECHOS


"Essa tal felicidade, mais procurada que bandido de histórias em quadrinhos e filho desaparecido, não mora em um único endereço. Ela tem uma escova de dente em cada lugar."

"Cada um de nós mereceria ao menos uma reportagem para homenagear nossos dons mais secretos, aqueles que acontecem bem longe dos holofotes. O dom de viver sem aplausos e sem plateia. O glorioso e secreto dom de vencer todos os dias."

"Para quem valoriza apenas megavitórias, sobram centenas de outros dias em que, aparentemente, nada acontece, e geralmente são essas pessoas que vivem dizendo que a vida não é boa."

"(...) Não deixar o dia partir inutilmente é o único meio de a gente aguardar com entusiasmo o dia de amanhã."



"Morre lentamente quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir de conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
(...) Estar vivo exige esforço bem maior do que simplesmente respirar."

"A vida não é um game onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. (...) Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo."

"Desejo que desejes uns sonhos descabidos e que ao sabê-los impossíveis não os leve em grande consideração, mas os mantenha acesos, livres de frustração, desejes com fantasia e atrevimento, estando alerta para as casualidades e os milagres, para o imponderável da vida, onde os desejos secretos são atendidos."

" Já que é improvável que 2015 seja diferente de qualquer outro ano, que a novidade sejamos nós."
(Adaptação ao ano que virá)

"Não importa o que façamos, o risco de dar certo é o mesmo de dar errado, e até quando parece que dá errado, funciona. Qualquer coisa funciona."

"Só não muda quem não se relaciona com o mundo, não passou por nenhuma experiência amorosa, por nenhuma frustração. (...) Só não muda quem está morto."



"A vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue."

"Desista. É a melhor coisa que você pode fazer quando não se consegue encaixar um sonho em um lugar determinado. Se nada de positivo vem desse empenho todo, reconheça: você fez uma escolha errada."

"Quem dá brilho ao nosso olhar é a vida que a gente optou por levar."

"(...) Prefiro não deixar nada pendente para a próxima encarnação e estou vivendo tudo que acho que vale a pena nesta vida mesmo."

"Só o que posso adiantar é que vai ser um pouco fácil e um pouco difícil, é assim pra todo mundo. Enquanto você se equilibra de um lado para outro, nunca se esqueça do mais importante: divirta-se."

"(...) Erramos um pouquinho todo dia por amor e por cansaço."


"Quem pensa demais não vive."

"Tédio é para os sem inspiração. O mundo oferece estradas, passeatas, eleições, aeroportos, ondas, montanhas, campeonatos, vestibulares, desafios, churrascos, festivais, feriadões, roubadas, gargalhadas, madrugadas e declarações de amor.  É assim mesmo, tudo misturado e barulhento."

"A vida não apenas continua, ela sempre recomeça."

"Viajar é um ato de desaparecimento."

"Viajar é uma jornada simultânea de ida e volta, nosso passado e nosso futuro marcando um encontro no asfalto."


E assim termino a postagem
para brindar essas férias desejadas 
e o Natal de cada um de vocês, leitores!
Até a próxima





quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Pai, do meu latim, saudade!


Dizem a fim de consolar, como se fosse possível, que quando uma pessoa morre, torna-se uma estrela no céu... Não penso que meu pai se tornou uma estrela. Acho que tenho idade suficiente para compreender a morte, até mesmo aceitá-la como parte da vida. Meu pai é e será sempre meu pai. Não olho para o céu a procura de uma estrela, olho para o céu, e parece que posso vê-lo por entre as nuvens, além do céu azul.

Ele está ali, mas também caminha comigo, sei o que ele pensa, dou voz aos seus comentários, lembro quase sempre sorrindo, dando risada... Mas também choro quando parece que há tão pouco tempo escutava seu arrastar de chinelo, quando o escutava levantar e comer, quando ficava sentado na cama vendo o que eu fazia no meu quarto, preocupava-se se alguém estava me olhando tomar sol, ou então fazia a maior propaganda de mim para seus amigos... 



São tantas coisas... Logo que ele se despediu de nós, ficamos aqui com tantas coisas: o OB que ele tinha comprado para mim, a garrafa de água, os chocolates que eu tinha dado na Páscoa... 
Lembro de tantas vezes que ele dizia da saudade que sentia do vô, pai dele, do Nane, seu bisavô.. E hoje é minha vez de sentar na mesma mesa e pensar comigo... Pai, que saudade... de ver vc aqui com a gente, de dar risada, de falar mal dos outros... São tantos acontecimentos aqui que o senhor deve rir daí de cima... Dou risada sozinha quando vejo as pessoas e pareço escutar o que diria... 

Gosto de ver e saber quanta gente carrega suas histórias, momentos... melhores lembranças de como era alto astral, jovem, moderno... alternativo... Parece que todo mundo tem algo para contar de engraçado e sempre com saudade... Sei que existem uns parentes que não devem ter bons comentários, mas parentes não escolhemos. Fico feliz de não saber na rua nem quem são, senão prometo que dou o troco.... kkkkk


Hoje a gente revive a dor de saber que o senhor tinha cumprido sua jornada aqui, mas, como tantas vezes conversamos, se existirem outras vidas, viremos juntos, teremos os mesmos laços... e nos reencontraremos...

Fique tranquilo que nossas lágrimas são de saudade, vamos seguir nossas vidas... mas é impossível esquecer você.


Hoje, em seu aniversário, posso dizer que continua presente em mim, que dia 10 continua sendo um dia especial como todos os outros, carregado das melhores lembranças, das comemorações mais engraçadas que sempre fizemos juntos...

Tenho certeza de que caminha comigo, e eu o cultivo em flores, em cuidados com seus passarinhos, carregando a mesma paixão que o senhor tinha pelo mundo, pelo momento vivido, sem se importar muito com o dia seguinte.Somos iguais em tantos aspectos, e isso não é lá muito positivo... Mas faz cada segundo valer a pena.
O que realmente importa é que estamos juntos, desde sempre até a eternidade, e estou aqui para dar voz a tudo que diria, a tudo que faria... no mesmo tom, na mesma brincadeira, carregando de você muito mais que esses olhos puxados que me fizeram ver o mundo de um ângulo privilegiado!

Pai, do meu latim... saudade!





domingo, 23 de novembro de 2014

Quem, eu? Uma avó e um neto, convivendo com o Alzheimer

"Nós estamos vivendo mais, e isso é maravilhoso, mas, ao passo que envelhecemos, vamos voltando a ser crianças - no caso da minha avó, uma bem travessa -e os cuidados vão do básico ao infinito."


Foi na Bienal do Livro em São Paulo deste ano (um evento imperdível) que andando em meio a milhares de exemplares, peguei esse. Foi o primeiro que toquei e o escolhi de cara... Não sei explicar exatamente o que me fez optar por ele. Talvez ao ler a sinopse; por ter visto, por trás dos olhos da sorridente senhora, o olhar de minha avó; por se tratar de um relacionamento entre um neto e sua vó que sofria, como a minha sofrera de Alzheimer... Ou talvez por ter sido escolhida por Fernando Aguzzoli para ser, naquele momento, leitora de sua obra. Por que não?!

Tendo essas bagagens como histórias de vida, ler a história de Dona Nilva é conhecer muito de seu desenvolvimento e ter certeza do desfecho.

Portanto, o que torna esse livro especial?
Sem dúvida, a entrega do neto e de seus familiares, dispostos a cuidar da avó com todo carinho; descobrindo meios para solucionar problemas diários... É impressionante acompanhar a grandeza de cada gesto, como um pequeno ato pode fazer a diferença...




Penso que fizemos tudo errado com a Bilia... Mas tínhamos mais problemas envolvidos além do Alzheimer que se manifestava. Cada um sabe o que ocorre nos bastidores da família, e nem sempre tomar certas medidas é simples assim...


Mas, voltando a história, o livro se divide em três partes.
No começo, conhecemos a história da avó, acompanhamos o sofrimento do neto, a entrega, a forma com que abriu mão da própria vida, para viver com ela aqueles momentos únicos, porque não seriam repetidos. Passou de neto a ser uma espécie de pai, sofreu com isso, com toda certeza, mas proporcionou momentos felizes até o fim.


Na segunda parte, já apegados aos protagonistas, há uma série de fotos em que, ao acompanhá-las, vamos ligando cada fato.. como se fôssemos daquela família, recordando daqueles momentos, uma vez que a história fora lida anteriormente.



E por fim, a terceira parte acredito que seja o grande legado... as histórias que ficaram. Depois do sofrimento, da dor da perda, restam os momentos engraçados... Acredito que essa seja a grande "sacada" da vida... encarar com humor, achar o lado bom, dar risada...

E essa parte é composta por histórias divertidas da avó, resultado do esquecimento... Procura uma coisa, que de repente é outra e volta a ser a primeira; gostar de um prato, odiar e nunca ter dito nada sobre...



EU TAMBÉM guardo da minha vó histórias engraçadas, quando perguntava do Massaro, não conhecia o homem de cara redonda (que era meu pai), me deixava pintar as unhas dela da cor que eu quisesse, fazia máscara com farinha de milho e mel... Colocava chapéu, tirava fotos engraçadas,  contava histórias absurdas e morria de rir... Isso sem contar do dia em que matou o porco (era o sofá)... conversava com o Claudinho, que era meu coelho de pelúcia, e assim eu acompanhava minha mãe nas diversas pessoas que nos tornávamos quando ela nos chamava.


Mas também aconteceram momentos difíceis: quando não dormia, via bichos, aranhas, gritava, fugia, quebrara a porta achando que a casa estava pegando fogo... E foi ficando perigoso.

Nossa saída, quando não conseguimos mais proporcionar uma vida segura e tranquila a ela, foi o asilo. Não poderíamos deixar nossos trabalhos, tinha um pai que também era doente, embora não aparentasse nunca. E foi o que decidimos em família.

Enfrentamos o julgamento de muita gente, que afetou principalmente minha mãe, que é uma pessoa muito boa e correta... Mas a mim, nunca chegou, porque vieram de pessoas que nunca conviveram, que sequer nos visitaram e nada sabiam da realidade, do dia-a-dia. É como se elas não existissem, portanto, não fizeram nenhuma diferença nesse espetáculo chamado nossa vida, e nessa particularidade chamada nossa família.

Termino a postagem com um poeminha que fiz na época, tentando me passar pela Bilia, encontrando explicações... É bonitinho e pertinente, por isso resolvi compartilhar.
Eu já escrevi bastante, arrisquei-me nas poesias, hoje meu foco é o Blog.

Alzheimer?

Brinco de esquecer
Me chamam Louca
É uma forma de viver
Relembrar o passado
Tentar esquecer o presente
E não sofrer

Troco os nomes
Eles acham graça
Parece que fiquei divertida
Eu que sempre fui chamada
De chata e intrometida.

Dou risada de tudo
Ninguém compreende
Brinco de boneca
Imagino bichos de todos os tipos
Fujo como adolescente
Corro e sinto a liberdade
Mas também grito de tanta saudade

Meu filho, não reconheço
É uma forma de brincar
Faço que esqueço
Apenas para começarmos novamente
Apagando as brigas e mágoas passadas.
Mas ele não entende o meu presente.

Deixo minha loucura que não foi compreendida
Falo cada vez menos e observo ainda mais
Ouço uma voz de longe pela qual me encanto
Preparo-me para deixar aqui minha despedida
Uma vida da qual não esquecerei jamais
Mas chegou a hora de encontrar meu canto
Meu velho me chama, é hora de voar.

19/01/11


Repito que vale a pena conhecer a vovó Nilva e refletir sobre essa doença e sobre as atitudes das pessoas que lidam direta ou indiretamente com ela.

MINHA SELEÇÃO DE TRECHOS...

"Mas, como todos sabemos, a vida não nos permite luto, forçando-nos a crescer dentro das dificuldades."

"Esquecer é mesmo um benefício para poucos."

"Viajou, carregando nas contas apenas o compromisso de se divertir."

"Se de alguma forma somos obrigados a lidar com a vida e aprender com ela, em algum momento seremos obrigados a lidar com a morte."

"A realidade me confrontou mostrando que eu não preciso estar pronto para que a vida aconteça, basta estar vivo para ter que lidar com isso."

"Não seria para sempre, mas pelo tempo que fosse, estaríamos ali."

"Uma coisa nunca será transformada: o olhar!"

"Todos somos passíveis de erros, e, acredite, todos vamos errar. Mas tão importante quanto levantar-se de um erro é fazer isso com a intenção de não mais cair."

"Tu vais na frente, mas eu vou encontrá-la um dia, pode ter certeza! Agora dorme que a viagem é longa e cansa muito!"

"Ela não havia desistido de lutar nem por um segundo sequer, uma guerreira até o fim! Mas até mesmo guerreiros descansam."

"A resposta para superar a morte não está na morte, isso seria muito óbvio. Está na vida."

"A saudade é o símbolo do que nunca será perdido."

"Onde há vida há sempre algum grau de sensibilidade, por menor que pareça."

Para a próxima postagem, 
tenho uma delícia de livro!



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Se eu ficar...

Foi a semana do saco cheio que me permitiu que começasse a ler meus exemplares adquiridos na Bienal do Livro em São Paulo... E comecei com "Se eu Ficar", título que nos rendeu várias risadas, pensando nas possibilidades... e se....

O livro é uma delícia de ser lido, embora nos faça ficar com o coração na mão, durante toda a leitura, com exceção dos trechos em que o humor de Mia, nossa protagonista, aparece e nos faz até esquecer da situação complicada em que se encontra.

Ela, uma adolescente cheia de dúvidas, inseguranças, com talento musical, descobrindo o amor,  com uma vida inteira pela frente, de repente sofre, nas primeiras páginas, um acidente, perdendo todos de sua família: pai, mãe e irmão.


Porém, ela é a única sobrevivente que conta a história, da UTI do hospital, enquanto está inconsciente para o mundo real, mas completamente lúcida, consciente do que está acontecendo ao seu redor.


Há uma transição entre entre passado e presente, a fim de explicar a importância das pessoas e de certos momentos em sua vidas, como sua paixão pelo violoncelo, seu relacionamento com os pais que são tão diferentes dela, o amor incondicional pelo irmão Teddy, sua grande amiga Kim e seu primeiro amor Adam... Isso sem contar dos avós doces que ela tem.


O livro faz pensar, se realmente as pessoas que estão nessa situação entre a vida e a morte têm consciência do que está acontecendo, mostrando a importância da visita nesse momento, o quanto as motiva e as faz pensar em ficar...

Não acredito que seja da pessoa a decisão entre ficar ou partir, acredito mesmo na vontade de Deus, na famosa frase: foi chegada a hora. Isso explica o fato de não morrerem algumas pessoas em tragédias horríveis e de tantas outras mortes por motivos tão banais...

Passamos o livro inteiro, segurando na mão de Mia, esperando uma reação, ouvindo o recado de tantas pessoas e refletindo se, nessas condições, se ela pudesse decidir por ficar, se valeria... Emocionante ouvir e chorar com o avô que diz que compreende se ela decidir seguir viagem... junto dos seus tão queridos.


Trata-se de um tema delicado que nos tira o chão... Perder alguém é sempre difícil, às vezes chega a ser uma dor insuportável, dependendo do grau de relacionamento que foi construído com aquele que cumpriu um ciclo novo, e nos impede de ir também...

Porém, o livro trata desse tema com doçura, leveza e humor, que é a forma com que acredito que a vida deva ser encarada de fato.

E o melhor de tudo, e que a história tem continuação, tem filme... Há muito a saborear...e depois dividir aqui.


MINHA SELEÇÃO DE TRECHOS... E SUA TAMBÉM

"-Como a gente consegue acabar com o nervosismo?
- Nós não conseguimos. Apenas aprendemos a lidar com ele. E aguentamos firme."


"Vista-se com aquilo que te faz sentir bem. Assim você estará vestida para o que vier."



"Túmulo: o lugar para onde você vai quando as coisas não estão dando mais certo."


"As pessoas acreditam no que querem acreditar."


"Queria poder abraçá-la. Agradecê-la por estar sempre um passo à frente do que eu preciso."


"Um beijo não é um relacionamento."


"-Tudo que eu preciso é de um segundo.
- Por quê?
- Mostrar a ela que estou aqui. Que ainda há alguém aqui."


"Se você jogar com alguém ruim, vai acabar perdendo, errando tacadas ou perdendo saques, mas se jogar com um bom adversário, começa a dominar o jogo e logo começa a executar tacadas surpreendentes."



"Não tenha medo. As mulheres podem suportar o pior tipo de dor. Você vai descobrir isso um dia."



"Só acho que os funerais são como a própria morte. Você pode ter os seus  desejos e planos, mas, no final das contas, nada está sob o seu controle."


"Percebo agora que morrer é fácil. Viver é que é difícil."



"Fico pensando se toda pessoa que está prestes a morrer tem que decidir entre ficar ou partir."

(Creio que não, ou meu pai nunca teria ido...)


"Mas o que foi aquilo?

E que som é esse que estou ouvindo?
É apenas a minha vida
Assoviando no meu ouvido
E quando olho para trás
Tudo parece menor do que a vida
Do jeito que tem sido há tanto tempo
Desde ontem à noite

Agora estou indo embora
A qualquer hora posso partir
Acho que você vai perceber
Acho que você vai se perguntar o que deu errado
Não estou escolhendo
Só estou fugindo da luta
E isso foi decidido há muito tempo
Desde ontem à noite."

"Xadrez era trabalho demais para um jogo simples."

"Às vezes você faz escolhas na vida e outras, as escolhas vêm até você."

"O quase não importa. É preciso encarar a situação real, do jeito que ela se apresenta no momento presente."

"A vida pode fazer vocês dois tomarem rumos diferentes. Mas cabe a cada um de vocês escolher que caminho quer seguir."




"Aposto que ele vai ser uma pessoa mais forte diante das situações difíceis por causa do que ela perdeu hoje. Sinto que quando se passa por uma situação como essa, você se torna meio que invencível."

"E, de repente,  tudo que preciso é segurar a mão dele mais do que já precisei de qualquer outra coisa na vida. Não apenas sentir que ele segura a minha mão, mas segurar a dele também."

Vale a pena ler com certeza!
Até a próxima postagem sobre um livro
adorável que já foi lido, que vale tanto quanto esse!


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Uma história de futebol

Foi pensando em ler um livro com o 6º ano que peguei uma certa noite o exemplar que carregava em minha bolsa. Acredito que tudo tem seu tempo, e era chegada a hora de ler UMA HISTÓRIA DE FUTEBOL.

Como o maioria das meninas (aliás, nem sei se é mesmo maioria), não gosto de futebol, não entendo, não acompanho e nem tenho nenhum ídolo nesse quesito. Portanto, o que me agradaria num livro como esse? Já tinham me falado que era adorável, ao passo que também me disseram que era chaaaatooo. Então resolvi tirar a prova e me jogar nessa partida. Resultado: goleada. 


Fiquei encantada com a história e não consegui parar de ler até chegar no final. 
A história é dividida em meses do ano, uma espécie de "Mensário", narrado por Zuza, que é divertido, engraçado, verdadeiro.

Vale a pena ler, porque se trata de uma história real que todos conhecemos, faz pensar no sonho de tantos meninos de ser jogador e no valor das amizades, das pessoas que passam pela infância e marcam, incentivam, dividem momentos. Trata-se de uma história de futebol sim, mas também de amizade, de desafios...

É uma leitura fácil, com linguagem apropriada, com espaços para completar quadrinhos com algumas personagens, caso o leitor queira interagir, criar junto. Todo mundo devia ler um dia. Sem contar a surpresa final...
Fica a dica!

É esse o nome do próximo livro para o PROJETO de LEITURA.
Para fechar o ano com chave de ouro!


SELEÇÃO DE TRECHOS...


"(...) Quem é corajoso mesmo joga até quando a vitória é difícil."

"(...) Cada um brigava contra todo mundo, e assim fica difícil alguém ganhar."
(Isso vale para tanta coisa... incluindo qualquer trabalho em equipe.)

"Duas derrotas num mesmo dia era demais."

"Aquilo doeu como quando o time pro qual a gente torce toma um gol no último minuto."

"Eu fiz o que todo mundo faz quando tem uma grande surpresa: nada."

"Então, não sei por quê, me deu uma vontade de chorar e eu saí correndo para casa, que é uma boa coisa para a gente fazer quando não se sabe o que fazer."

"É sempre fácil obedecer quando mandam a gente fazer o que a gente quer fazer."

"A vida é mais ou menos como este mingau. É uma coisa muito boa, muito gostosa, mas que a gente sabe que vai acabar. Só o que a gente pode fazer é aproveitar cada pedacinho e dividir com quem a gente gosta."

"Não faz mal se a gente perder. Não dá para ganhar sempre mesmo."

"Aí eu me perguntei:
-O que eu faço?
E eu me respondi:
- Sei lá."

"Não há como negar,
és a mais bela do mundo,
e também de toda a escola.

Se comigo aceitar
namorar por um segundo,
para sempre vou te dar
sorvete, carinho e bola."

"Hoje sou uma pessoa comum, com uma história comum. Se bem que talvez nenhuma história e nenhuma pessoa sejam realmente comuns."

Terminada a leitura com meus pequenos do 6°ano, descobri um curta metragem lindo, com a narração de Fagundes, que dá voz ao Zuza. É fiel a muitos trechos do livro principalmente relacionados à amizade com Dico, e à história do futebol, que é o foco do livro tanto que a obra o carrega como título.

https://www.youtube.com/watch?v=D271x6XlRPw

Todo brasileiro tinha o dever de ler...
Foi mágico, gratificante acompanhar com meus alunos essa leitura, a cara de surpresa com o final, a atenção, a vontade de ler sempre...
Como diz a Regina Casé, Projeto de Leitura vem que vem que vem com tudo!

E o próximo livro a ser postado já foi lido.
Semana do saco cheio viajando....nos livros!

domingo, 5 de outubro de 2014

"O Julgamento de Gabriel" em julgamento

Nunca demorei tanto para terminar um livro. E não preciso me justificar para não me tornar repetitiva, uma vez que todos sabem como esse ano tem sido corrido trabalhando (e bem) em dois turnos. Se eu soubesse fazer algo mais ou menos, tudo seria tão mais fácil.... Mas não seria eu.

Terminei o livro neste final de semana, e me sinto livre, leve. Afinal qualquer julgamento nos coloca em uma situação delicada e tensa, sendo protagonistas, testemunhas ou apenas observadores ativos como leitores.


No decorrer do livro, junto com Julia, desconfiei do sentimento de Gabriel, de sua autenticidade. Acredito que, no primeiro livro, era um homem palpável, real. Neste segundo, já acho que ele fala demais, embora tenha umas respostas de tirar o fôlego.

Há quem diga que não gosto de final feliz... meus alunos mesmos, desde os pequenos do sexto ano até os que passaram por mim até o nono dizem que gosto da tragédia. Na verdade, acho o final feliz tão previsível como o Era uma vez...

Na minha opinião, é um livro morno, enquanto "O Inferno de Gabriel", o primeiro da trilogia, é muito mais envolvente.

No entanto, vale a pena conhecer Gabriel nessa segunda fase, analisar suas atitudes diante das acusações. Confesso, que fui me desapegando a ele e torci até para o amigo Paul, que me parecia tão fiel, amigo, companheiro e sempre ligado em Júlia, apesar de qualquer distância.

Temos ainda a Redenção de Gabriel, que pode ser surpreendente...
No momento, vou dar sequência a outras leituras, mas pretendo finalizar a trilogia.


Quando termino  a leitura ou durante o processo faço a pesquisa dos termos desconhecidos, sejam eles quais forem... Pesquiso as músicas citadas também, elementos da cultura, cidades, poemas, quadros. Esse livro é um "prato cheio" para a pesquisa. Fico feliz por realizar essa etapa. Sinto que o finalizei por completo, mas nada me agrada mais que fazer a seleção de trechos. É meu toque especial.
Agora o livro, depois de postado, pode ocupar um lugar na prateleira.


SELEÇÃO DE TRECHOS... (A melhor parte!)


"Fazer amor muda as coisas entre um homem e uma mulher."

"Ninguém pode remover as marcas de dentro de você."

"Você só vai me perder se deixar de me amar."

"Até um viciado merece um pouco de gentileza. (...) São Francisco era incondicional em sua caridade. Ele dava a qualquer um que pedisse."

"Não somos perfeitos, mas podemos ser felizes."



"Tomara que você não espere até ser tarde demais."

"Deus não é mau... Nós é que somos. Todos queremos saber de onde vem o mal e por que o mundo está cheio dele. Por que ninguém se pergunta de onde vem o bem?"

"-Sinto muito.
- Isso não é o suficiente."

"Suas promessas são vazias se não forem acompanhadas de honestidade."

"- Também te amo. Muito mais do que deveria, tenho certeza. Mas não sei amá-la de outra forma. (...) Então que Deus tenha piedade de nós."

"Gostaria de ter conhecido você a vida toda. Gostaria que tudo tivesse sido diferente."

"(...) Nós nunca vamos ser iguais. Você é melhor do que eu."

"Já passei da idade de xingar os outros, quer eles mereçam ou não. Não estamos mais no jardim da infância."




"Nenhum relacionamento é cem por cento recíproco. Às vezes, quando casais tentam dividir tudo igualmente, descobrem que a relação deles não é uma parceria, mas um exaustivo exercício de contabilidade."

"A prudência é a melhor parte da coragem."

"Você não tem o direito de tomar decisões por mim! A vida é minha e os sonhos são meus."

"Olhando o álbum de fotografias, ela soube que o amaria para sempre."

"Eu sei que você me amou. Só não entendo por que não me amou o suficiente para ficar."

"(...) Estava na hora de fazer algo diferente. Algo mais corajoso."



"Algumas coisas não podem ser colocadas em palavras. Algumas coisas desafiam a própria linguagem."

"Eu não vou embora; não quando tenho motivo para ficar."

"Saber a verdade e querê-la para si são duas coisas completamente diferentes."

"Com ele, seu coração iria se curar. Mas, se o escolhesse, estaria se contentando com o bom em detrimento do excepcional."

"Ela era doçura e luz, gentileza e bondade, e a recompensa ardente e arrebatadora de todas as suas buscas e fascínios mundanos. Mas não era sua."

"É uma longa história. E só você pode me dizer como ela termina."

"Um acordo é uma promessa."

"Nós éramos um casal. Deveríamos ter feito as coisas juntos."

"Adormecer nos seus braços novamente me fez lembrar que eu era apenas metade de uma pessoa na sua ausência."




"As escolhas mais óbvias na vida nem sempre são corretas."

"Eu o rejeitei, não porque não fosse ter uma boa vida com ele, mas porque ele não era você."

"A questão é: para onde vamos a partir de agora?"

"Conheço você. Não é o tipo de mulher que coloque seu corpo onde seu coração não esteja."

"Amarei você para sempre, quer você me ame ou não. Este é o meu Paraíso. E o meu Inferno."

"Não esperem demais. A vida dá voltas inesperadas, e nem sempre temos tanto tempo quanto achamos ter."

"Você não deveria se contentar com nada menos do que o melhor."

"Quando toco você, quando olho nos seus olhos, vejo nossa história juntos."



Até a próxima postagem...
Com a semana do saco cheio, pretendo investir em minhas leituras!