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sábado, 10 de agosto de 2013

O leitor: livro e filme

Gosto da forma com que os livros encontram seu leitor. Ou lemos porque gostamos do autor, por ser novidade, por interessar pelo breve resumo, pela capa, pela indicação de alguém.... Sozinha talvez eu não tivesse encontrado "O Leitor" de Bernhard Schlink.


Devo fazer um busto para você em meio a minha estante de livros: Marcelo de Lima Coutinho, pelo "O Leitor" que me encantou, "Meu pé de laranja lima" que me fez chorar, "Morro dos Ventos Uivantes" que me deixou cinza, "Um dia" que me fez ver que a vida nem sempre é justa e que às vezes é tarde demais; "Bonequinha de Pano" pela doçura da história de Ziraldo, "A Doçura do mundo" por me apresentar um romance da Índia que me fez uma apaixonada por Thrity Umrigar; entre outros que não merecem destaque ou que a memória não colabora... Caso nunca tenha dito, obrigada...

O leitor quase me fez desistir nos primeiros parágrafos, quando nosso protagonista vomita pelo caminho... Nojento! Mas é só um teste para verificar se o leitor está disposto para acompanhar um romance intenso...

Trata-se da história entre Michael e Hanna, uma mulher mais velha, que vai proporcionar ao adolescente uma experiência de prazer, de amor, de entrega da forma mais natural e, ao mesmo tempo, cheia de mistérios, surpresas e decepções...


Michael é apenas um moleque, carrega consigo pequenas histórias de colégio... enquanto Hanna traz uma história pesada que a perseguirá até o final do romance...

Gosto em especial quando Michael divide tantas leituras com a mulher, na cama, no banho... O que é retratado tão maravilhosamente no filme. Aos, poucos, é revelado um dos segredos de Hanna que a envergonha acima de qualquer barbaridade relacionada aos campos de concentração a qual é acusada: o fato de ser analfabeta.

Anos separados, Michael continua a ler histórias para Hanna e gravá-las em fita. Talvez a literatura tenha feito com que ela sobrevivesse tanto tempo. A capacidade de ouvir a leitura a salvou, principalmente da solidão. E eu diria que somente o amor é capaz de ser fiel mesmo à distância e de produzir uma declaração tamanha como a de Michael.

O livro proporciona uma leitura interior, questionando-nos até onde guardaríamos um segredo, a que nos sujeitaríamos em nome de algo que nos envergonha, o que faríamos submetidos à mesma história e se nosso amor seria o bastante para suportar...

Faltou a Michael, em muitos momentos, coragem e iniciativa... Se ele tivesse tomado alguma atitude no momento certo, a história poderia ser diferente...
E o que tenho a dizer sobre Hanna, depois de tudo, é que talvez tenha sido tarde demais para uma segunda chance... Sua motivação era aprender a ler, e depois de cumprir tal meta, cabe ao leitor aceitá-la...


Uma grande história e um filme espetacular. Vale a pena!
Deixo imagens do filme em meio a postagem para você que seja o próximo Leitor!


MINHA ESTIMADA SELEÇÃO DE TRECHOS...

"É difícil avaliar uma idade quando ainda estamos distantes dela."

"'Às vezes eu tinha a sensação de que nós éramos como animais domésticos. O cachorro com quem se vai passear, o gato com quem se brinca, (...) pois a vida está em outro lugar. Eu ficaria satisfeito em pensar que nós fôssemos sua vida."




"Eu me sentia como numa despedida. Estava ainda lá e já tinha partido."

"Às vezes a lembrança não é fiel à felicidade quando o fim foi doloroso. Será porque a felicidade só vale quando permanece para sempre?"

"Será que essa tristeza é tristeza pura e simplesmente? É ela que nos acomete quando belas lembranças tornam-se frágeis se rememoradas, porque a felicidade lembrada não vive mais da situação, mas sim de uma promessa que não foi mantida?"

"(...) Contou tudo como se não fosse sua vida, mas a de uma outra pessoa que ela não conhecesse direito e que não lhe dissesse respeito."

"Eu gosto de não ter que me preocupar com nada."
(Eu também)

"Quando nos abrimos
você a mim e eu a você,
quando afundamos
em mim, você, e eu em você,
quando parecemos
você dentro de mim e eu dentro de você.

Então
eu sou eu
e você é você."


"Não relevei nada do que deveria silenciar. Calei o que deveria revelar."

"Talvez eu possa falar sobre isso uma outra vez.
Mas nunca chegou a hora."

"Não tínhamos nenhuma vida em comum; pelo contrário, ela me dava em sua vida o lugar que queria dar."

"Em algum momento a sua lembrança parou de me acompanhar. Ficou para trás, como uma cidade fica para trás quando o trem segue viagem. Ela está ali, em algum lugar atrás de nós, e podemos ir para lá e nos assegurarmos de sua existência. Mas por que deveríamos?

"O lembrar era só registrar. Eu não sentia nada."

"Pelas razões erradas fez a coisa certa."

"Era uma verdade lamentável e uma justiça lamentável, mas eram as suas, e a luta por aquilo era a sua luta."



"Uma vida cujas vitórias consistiam em derrotas secretas."

"Sentia em mim um grande vazio, como se tivesse procurado por algum sinal, não lá fora, mas em mim, e me desse conta de que não havia nada a encontrar."

"Quando o julgava como cabia julgá-la, não havia lugar para a compreensão."

"Saber de tudo não queria dizer tomar parte."

"Na verdade, eu tinha de apontar para ela. Mas o dedo que apontava, voltava-se na minha direção. Eu a tinha amado. Não só a tinha amado, como também a tinha escolhido."




"Então desisti novamente de contar as coisas. Não é preciso contar, porque a verdade do que se conta está no modo como se é."

"Fugir não é só correr de um lugar, mas também chegar a outro."

"Como é que os gregos, sabendo que não se entra duas vezes no mesmo rio, poderiam acreditar em retornos? Ulisses não retorna para ficar, e sim para partir novamente."

"Uma desvantagem da leitura em voz alta é o fato de ela demorar mais. Mas a vantagem era que os livros lidos assim guardam-se melhor na memória."
(Acho que meus alunos devem me agradecer pelas aulas de leitura em voz alta)

"Tinha a sensação de que ela só podia ser o que era para mim na realidade a distância."

"Garanti a ela um pequeno recanto, certamente um recanto que era importante para mim, que me dava alguma coisa e pelo qual eu fazia alguma coisa, porém não era nenhum lugar na minha vida."

"A garantia de que a história escrita é a certa está no fato de eu tê-la escrito e de não ter escrito as outras versões. A versão escrita quis ser escrita, as muitas outras não o quiseram."

"Primeiro quis escrever nossa história para livrar-me dela. Mas para esse objetivo as lembranças não vieram. Há alguns anos deixo nossa história em paz. Fiz as pazes com ela. E ela retornou, detalhe, após detalhe, de uma maneira redonda, fechada e direcionada que já não me deixa triste."

"Que história triste, pensei durante muito tempo. Não que eu pense agora que ela é feliz. Mas penso que é verdadeira e, diante disso, perguntar se é triste ou feliz é algo que não faz sentido."



Até a próxima postagem


E nesse dia dos pais deixo registrada minha saudade
Minha imensa saudade pelo meu...
Que estará, de uma forma especial, 
sempre vivo em meu coração e em meu dia!


Feliz dia dos pais aos grandes e fortes que conheço...

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