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domingo, 29 de maio de 2011

Não há silêncio que não termine

Faz algum tempo que não deixo nada postado aqui...
Na verdade, estou  entretida com um livro muito extenso: Não há silêncio que não termine. E, ao contrário do último, esse livro não fala ao meu coração, deixa-me tensa, assustada com o horror que passa Ingrid Bittancourt em seu cativeiro na selva colombiana.
É um livro que deixa o leitor agitado, perturbado, esperando que termine a situação em que ela está inserida. Mas, pelo tamanho do livro, sentimos que todo esse drama perdurará por um longo tempo... Porém, se a intenção foi transmitir e compartilhar toda a situação com veracidade e emoção, ao chegar no décimo capítulo dos 82 que totaliza o livro, acredito que a missão já foi realizada com muito sucesso.
Parece que estamos com Ingrid tentando uma fuga, correndo pela mata, ou acorrentada, ouvindo ordens, pensando em tudo que ficou para trás e no que há ainda pela frente. Lemos em silêncio para, como ela, não sermos notados e evitando qualquer tipo de humilhação ou punição. Com ela nos tormamos coragem, temos vontade de gritar os medos, mas silenciamos e os enfrentamos, tornando-nos mulheres mias fortes e determinadas.
Vale a pena ler.
Era um livro que eu quis muito e estava esperando o preço diminuir, até que minha mãe me presenteou.
Gosto, em especial,  do título: Não há silêncio que não termine. Faz pensar, é sugestivo e dá ainda mais valor à obra.

Desde já, alguns trechos:

"(...) eu repetia para mim mesma "estou livre" e minha voz me fazia companhia."

"(...) media minha força e minha resistência, não pela capacidade de dar golpes, mas pela capacidade de recebê-los, como um navio que, apesar de fustigado pelas ondas, não afunda."

"Era só um desprezo necessário para comprovar que a crueldade daqueles homens e o prazer que tiravam disso não haviam estragado minha natureza, porque não tinham atingido minha alma."

"Há ordens que devemos obedecer, aconteça o que acontecer."

"O silêncio que se instalou entre nós era o fruto de minha determinação."

"A felicidade não é mais um sonho."

"Precisava ser forte, olhar em frente. Mas "em frente" era tenebroso. Minha boa estrela acabara de se extinguir."

"Betty não era seu verdadeiro nome. Todos os guerrilheiros tinham nomes de guerram escolhidos plo comandante que os recrutara." (Interessante... Qual seria meu nome de guerra?Rs)

"Estou só. Ninguém me olha. Finalmente, sozinha comigo mesma. Nessas horas de silêncio que adoro, falo comigo e rememoro. O passado, fixo no tempo, imóvel, infinito, se volatilizou. Dele nada resta. Por que, então, sofro tanto? Por que essa dor sem nome? Fiz o caminho que tinha estabelecido para mim e perdoei. Nao quero ficar acorrentada ao ódio nem ao rancor. (...) Meu barulho não me atrapalha, meu andar não intriga ninguém. Não pedi permissão, não tenho de me explicar. Sou uma sobrevivente!"

"Sou a única responsável pelas minhas contradições."

"Minha alma estava blindada."

"Acima de tudo havia o horror de perder a esperança."

"Refugiei-me no silêncio, magoada até a alma por sofrer esse destino que não me permitia sequer chorar à vontade."

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