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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O silêncio e minha melhor companhia

Decididamente não se o que faria se vivesse numa época em que não existisse energia elétrica. Mundo das cavernas? Não. Viver em meio ao sol, sombras e escuridão não é o meu lugar no mundo mesmo. Bastou ficar algumas boas horas sem energia para que eu refletisse sobre o assunto.



O silêncio me incomoda, gosto do barulho da televisão, mesmo que não fique diante dela; preciso do meu computador ligado para que esteja conectada ao mundo; gosto de ouvir uma música; tenho necessidade de carregar meu celular e preciso de luz para corrigir atividades de meus alunos. Até mesmo comer na escuridão não é a mesma coisa. E as minhas unhas? Minha vaidade também pede luz.

Na falta do que fazer, resolvi deitar e pensar, ficar em comunhão com o silêncio que se fez presente no meu dia. Ninguém o chamou, ele não anunciou sua chegada, nem ouvimos o tocar do sino. Tão cedo entrou e tomou conta da casa. Logicamente que dormi no primeiro momento, feito isso, só me restou refletir.

Não gosto de pensar, desperta em mim saudade do que se passou, lembranças, revejo capítulos de histórias vividas, amadas e hoje tão indefinidas.

Chamo então meu velho e bom amigo Rubem Alves e encontro a companhia perfeita em meio aos seus textos, "Do universo à jabuticaba" é minha nova paixão.



Deveria escrever também um texto sobre ele, porque é meu escritor favorito, fantástico. Leio alguns trechos, destaco partes de que gosto e, quando observo, meu livro está todo colorido. Fico alegre ao ler alguns trechos pela beleza das palavras, das cenas; mas também triste pela beleza da dor em que ele se expressa, e pela verdade lançada.
Meu coração aplaude a cada página. Ler Rubem Alves, não é uma leitura que nos faz querer chegar logo ao final, mas sim saborear cada pedaço como ato de prazer e tão cedo de despedida.

Somente quem tem essa paixão, compreende o que é apaixonar-se por cada obra de Rubem Alves.

Volta a luz em minha casa, e me faltam tomadas para que eu ligue tudo. Não preciso usar esses objetos, mas como me agrada vê-los funcionando bem e dependendo de minha vontade o ligar e o desligar.
Aqui, no meu canto, eu controlo o que deve permanecer e o que desejo apagar.

Retorno então aos braços de Rubem Alves e me sinto abraçada. Naquele momento, parece que ele está comigo, conversando e me fazendo companhia. E concluo que não há companhia mais perfeita, ao menos por enquanto. Pois se assim não fosse, talvez a falta de energia não me fizesse tanta falta assim...
"Se você não demorar muito posso esperá-lo por toda a minha vida."
E faço de Oscar Wilde minhas palavras











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