"Fora de mim" foi o último livro lido em 2020, a dica de leitura de número 12 na retrospectiva literária, ainda da compra da última Bienal de São Paulo. Acredite, ainda tenho alguns para ler... O mais gostoso da Bienal são esses achados, não é comprar o que todo mundo lê e comenta, mas ser capturada por outras histórias, seja pelo título, pela capa, pela sinopse...
O livro tem como tema a inclusão e nos oferece uma leitura por vezes de gosto amargo, que nos tira de qualquer situação confortável.
Melody tem paralisia cerebral e, logicamente, apresenta certa limitação, a qual não está vinculada à sua inteligência, ao seu sentimento, à sua memória e à sua luta para se expressar e fazer parte da sociedade, seja com relação à família, à vizinha que cuida dela com tanto amor, seja na escola ou em uma competição de conhecimento.
A protagonista cresce vendo o quanto os pais fazem de tudo por ela; acompanha a irmã nascer e crescer recebendo o mesmo amor e tendo todo desenvolvimento que ela não conseguiu ter; é recebida com naturalidade e normalidade pela vizinha que cuida dela enquanto os pais trabalham e tem uma cuidadora na escola que faz toda a diferença em seu dia a dia.
Seu maior obstáculo, sem dúvidas, é enfrentar a escola e tudo que ela carrega e representa. Os colegas de classe que acham que Melody tem privilégios, que recebe ajuda injusta; os comentários maldosos; as risadas debochadas; os professores despreparados; a sala separada para os "desajustados" (nas palavras dela); as atividades em grupo; o diretor que a subestima; os colegas que se incomodam com sua presença, que não fazem questão, que nem se importam ou sequer notam.
Acompanhamos o desenvolvimento de Melody, suas pequenas conquistas, os desafios, mas também sofremos com ela, com as decepções, as quebras de expectativa, com um mundo em que incluir é um conceito muito distante e que exige um olhar mais cuidadoso e humano por parte de todos, sem exceção. Isso vale para profissionais da educação, para jovens, para pais, para familiares, para mim e também para você que está lendo. É nosso papel como cidadãos incluir quem quer que seja sem qualquer preconceito, julgamento ou distanciamento.
Leitura válida inclusive no ambiente escolar. Fica a dica!
SELEÇÃO DE TRECHOS...
"Eu sempre pinto uma trilha sonora para minha vida. Quase consigo ouvir cores e sentir o cheiro de imagens quando a música é tocada."
(Já conheci alguém que tinha essa sensibilidade...)
😍😍
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