Cada livro do Rubem Alves é um prazer, uma alegria... Como ele mesmo disse em uma entrevista citando Ricardo Reis: "Cada dia sem gozo não foi teu." Atribuo tal sentido aos livros. Cada um que não foi lido com prazer, não valeu a leitura.
Variações sobre o prazer trata-se de uma novidade: um livro que não foi acabado, cujo tom é definido: "entre o solene e o íntimo, entre o sério e o brinquedo, um tom que não seja de instrução, mas de conversa amigável sobre várias coisas que aprendi."
Variações sobre o prazer trata-se de uma novidade: um livro que não foi acabado, cujo tom é definido: "entre o solene e o íntimo, entre o sério e o brinquedo, um tom que não seja de instrução, mas de conversa amigável sobre várias coisas que aprendi."
Ele ainda acrescenta que um livro não terminado se pareceria com a vida que termina sempre sem que tenhamos escrito o último capítulo.
Outra característica da obra, que me faz achar Rubem Alves único, é que seu livro é cheio de notas, que não são de rodapé, chatas, contendo apenas referências, explicações; mas notas de canapé, que são saborosas, repleta de histórias. E acreditem, destaco trechos em todos os cantos.
Entendo quando Rubem diz que seu livro "deveria ser lido sob a luz das velas.", e não sob a luz do sol como tantos outros... que são para ser devorados. Este é para ser saboreado devagarzinho...
Gosto de tudo, das metáforas, do jeito poético de tecer suas explicações e pontos de vista, das belas imagens que oferece, das tantas citações que coloca em seu livro, que podem ser vistas na seleção de trechos. Rubem Alves é tudo que lê, que gosta, que ama... Identifico-me com ele em muitos aspectos, sobretudo no que diz respeito à educação em que critica a realidade, mostra que há uma saída baseada no amor e na dedicação daqueles que realmente têm o dom de ensinar.
"Não quero que você simplesmente 'entenda' o que escrevo. Quero que você sinta o meu 'gosto'."
Qual seria o gosto de Rubem Alves neste livro? Ele diz que a fruta da capa deveria ser um caqui, mas eu nunca comi caqui. Gostaria que fosse uma manga: macia, saborosa, cheia de caldinho, que, quando terminada, há tanto ainda dentro da gente... Uma fruta que nos lambuzamos, que serve de alimento... Assim também... Variações sobre o Prazer...
IMENSA SELEÇÃO DE TRECHOS...
Entendo quando Rubem diz que seu livro "deveria ser lido sob a luz das velas.", e não sob a luz do sol como tantos outros... que são para ser devorados. Este é para ser saboreado devagarzinho...
Gosto de tudo, das metáforas, do jeito poético de tecer suas explicações e pontos de vista, das belas imagens que oferece, das tantas citações que coloca em seu livro, que podem ser vistas na seleção de trechos. Rubem Alves é tudo que lê, que gosta, que ama... Identifico-me com ele em muitos aspectos, sobretudo no que diz respeito à educação em que critica a realidade, mostra que há uma saída baseada no amor e na dedicação daqueles que realmente têm o dom de ensinar.
Qual seria o gosto de Rubem Alves neste livro? Ele diz que a fruta da capa deveria ser um caqui, mas eu nunca comi caqui. Gostaria que fosse uma manga: macia, saborosa, cheia de caldinho, que, quando terminada, há tanto ainda dentro da gente... Uma fruta que nos lambuzamos, que serve de alimento... Assim também... Variações sobre o Prazer...
IMENSA SELEÇÃO DE TRECHOS...
"A poesia nos convida a andar pelos caminhos da nossa própria verdade, os caminhos em que mora o essencial."
"Essa bem pode ser a sua última batalha sobre a terra. E se ela pode ser a última batalha, que valha a pena."
"'Tornamo-nos eternamente responsável por aqueles que cativamos...'... Mas isso não é terrível? Ser responsável por tanta gente? Cristo, por amar demais, terminou na cruz. Embora não saibamos, o amor também mata.
Então, abandonar o amor? Não. Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo. É necessário aprender a arte de "abrir mão" - a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial."
"Quero meus amigos. Não do jeito do Roberto Carlos, que queria ter um milhão de amigos. Não é possível ter um milhão de amigos. Quero meus poucos amigos. Amigos: pessoas em cuja presença não é preciso falar..."
"Nossa vida, infelizmente, não é como uma sonata. Ela é interrompida antes da hora. Muita coisa fica para ser dita."
"Eu não procuro. Eu encontro."
(Picasso)
"A gente não busca, ouve. Não pede ou dá, aceita."
"Nas montanhas, o caminho mais curto é de pico a pico: mas, para isso, é preciso ter pernas longas."
"O importante na conversa são os pensamentos que ela provoca e não as conclusões a que se chega."
"Morre e transforma-te"
(Goethe)
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos. A coragem chega ao entardecer."
(Albert Camus)
"Muito cedo na minha vida ficou tarde demais."
"O ensino dos saberes é a transmissão de uma herança, caixa de ferramentas. O professor, ao ensinar, está dizendo: 'Eu estou lhe dando aquilo que sei'. Os saberes são transmitidos para que as novas gerações não tenham que começar sempre de novo, da estaca zero. Os velhos ensinam saberes para que os jovens possam começar a navegar a partir do porto onde eles chegaram. O que, para os velhos, foi porto de chegada, será para os jovens porto de partida: para que possam ir além deles mesmos."
"Quem se sente fascinado pelo mar, acaba por descobrir maneiras de construir barcos e de navegar."
"Os conhecimentos nos dão meios para viver.
A sabedoria nos dá razões para viver.
Sábias são as pessoas que sabem viver. Tolo é aquele que, tendo defendido tese sobre barcos e mapas, não sonha com horizontes, não planeja viagens, não imagina portos. Anda sempre em terra firme por medo do naufrágio."
"O excesso de informações faz o corpo tropeçar."
"(...) tentei por muitos anos ser um pianista, sem sucesso. Os dedos eram ótimos, mas faltava-me o essencial: o talento. Abandonei o piano com tristeza, consciente de que ele não me abandonara, pois, na verdade, nunca estivera comigo."
"Quando a alma gosta de uma coisa, ela quer que ela seja repetida, indefinidamente. Ela quer repetir o poema que a emocionou, o abraço, a comida, o perfume, a ideia, o pôr do sol, a paisagem. A alma deseja sempre retornar.
"Perguntei à terra
perguntei ao mar e profundezas,
entre os animais viventes às coisas que rastejam.
Perguntei aos ventos que sopram aos céus,
ao sol, à lua, às estrelas,
e a todas as coisas que se encontram às portas da minha carne...
Minha pergunta era o olhar com que as olhava.
Sua resposta era a sua beleza..."
(Santo Agostinho)
"E o fim de todas as nossas explorações
Será chegar ao lugar onde saímos
E conhecê-lo então pela primeira vez"
(T.S. Eliot)
"O excesso de tristeza ri, o excesso de alegria chora."
(Willian Blake)
"Há uma felicidade que só experimenta quando se vive."
"Para se desfazer o nó é preciso saber como ele foi produzido."
"A história não se faz só com sonhos."
"A nossa volta tudo é outono, céu puro e entardecer."
" Se matriculassem um computador num cursinho, ele tiraria sempre nota máxima em todos os testes, passaria em primeiro lugar no vestibular, salvaria na sua memória tudo que fosse ensinado. Em tudo seria superior aos seus colegas humanos. Menos num detalhe: uma pergunta ele não saberia responder: De tudo o que você estudou e aprendeu, o que foi aquilo de que mais gostou?"
"Para fazer uma campina
Basta um só trevo e uma abelha.
Trevo, abelha e fantasia.
Mas, na falta da abelha,
Basta a fantasia."
(Emuly Dickinson)
"De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo."
(Adélia Prado)
"A alegria, na ausência, tem o nome de saudade: doce e amargo. A alegria é doce; a ausência é amarga."
"O navegante sonha não só com o porto de chegada, mas também com o barco."
"Para se ter o prazer de uma noite estrelada é preciso que haja uma noite estrelada."
"Educadores não se fazem. Educadores nascem."
Até a próxima postagem...
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