Quando você voltar foi um livro que me escolheu no famoso Sebo do Ismael... Há livros que nos capturam pelo título, pela capa, pela sinopse. Acho que esse é um grande barato de ir a qualquer lugar que tenha uma exposição de livros, pegar aleatoriamente um e julgar que vale a leitura. E como esse exemplar valeu!
O livro começa contando dos pais de Jolene e nos apresenta uma infância difícil e solitária, afinal ela perde os pais muito jovem e precisa tomar as rédeas da própria vida. Já despertava ali uma guerreira, alguém que seria capaz de tudo.
Em nenhum momento, ela se fez de vítima, foi protagonista de sua história; permitiu se apaixonar, casar-se, ter suas filhas, sua família, ser piloto de helicóptero do exército, além de honrar seu juramento de defender a pátria.
Vendo seu casamento desmoronar, com o marido cada vez mais ausente, imerso no trabalho e longe de compartilhar a vida a dois, além de não demonstrar o mínimo interesse pela sua escolha profissional, Jolene é surpreendida por uma atitude covarde e inesperada do marido que pede o divórcio, dizendo que não a amava depois de anos juntos. (De repente a literatura imita a vida mais uma vez. Qualquer semelhança é mera coincidência.)
Nesse momento em que ela se sente golpeada mais uma vez, é convocada pelo exército. Não tem tempo nem de absorver o que está acontecendo em sua vida pessoal, quando a profissional exige que ela esteja ativa e operante diante de uma nova missão.
O marido que até então estava prestes a sair de cena, que nunca fora um pai presente para a filha mais nova e a adolescente, precisa fazer o papel de Jolene e se tornar o guerreiro do lar, ser pela primeira vez pai de verdade e mãe em período integral, enquanto ela, do modo mais nobre, dará a vida pela pátria.
Jolene não titubeia em nenhum momento, mesmo deixando o que mais ama para trás. Junto de sua melhor amiga e colega de trabalho, parte para o Iraque e tenta manter contato com a família por meio de difíceis tentativas de ligação e de e-mails que mais escondem do que revelam o verdadeiro caos do cenário em que se encontrava.
Uma guerra sempre vai envolver destruição, e aqueles que participam de uma nunca voltam inteiros, quando conseguem voltar. É dramático, vai além do limite de cada um, e uma das consequências é o TEPT - transtorno psiquiátrico legítimo, que precisa ser cuidado e tratado por profissionais especializados, além de extrema paciência e compreensão de familiares e pessoas próximas.
O livro é dividido em duas partes: Ao longe e coração de soldado; cada parte carregada de momentos dramáticos, tensos que envolvem escolhas, coragem, garra e determinação.
Vale a leitura. Foi o primeiro que li da escritora e já gostei de cara. O próximo já está nas mãos da mami, que devora tudo que aparece. Uma leitora exemplar!
SELEÇÃO DE TRECHOS...
"Algumas coisas se aprendem melhor na calmaria; outras, na tempestade." (Willa Cather)
"A felicidade era uma escolha que ela sabia fazer."
"Ela acreditava que a felicidade era uma escolha a ser feita."
"Eu te amo até a lua, ida e volta."
"Eu já estou sozinha. É um fato, não uma opção."
"Não faz bem completar 41 anos sem ter público."
"Todo casamento tem períodos difíceis. Às vezes, você precisa brigar pelo seu amor. É o único jeito de melhorar as coisas."
"Ele era jovem o suficiente para acreditar em amor à primeira vista, e velho o bastante para saber que não era algo que acontecia todo dia."
"Havia coisas a serem ditas, ela sabia, palavras suprimidas durante tempo demais, armazenadas no escuro, até embolorarem. Quando dissesse o que realmente sentia, não haveria volta."
"Seja uma boa amiga e você vai ter bons amigos."
"Não comece uma conversa que você não quer ter."
"Ela queria ir... só não queria partir."
"Quando se faz uma promessa na vida, se cumpre, mesmo que ela nos assuste, machuque ou entristeça."
- Isso basta?
- O amor? Sempre basta."
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