Começo o ano, postando aqui minha revolta com a propaganda do MEC sobre a valorização do professor.
Fico brava, acho ridícula e apelativa. Seria lindo se fosse verdade, se tivesse sido uma entrevista espontânea pelos lugares do mundo. Mas não foi. Foi tudo combinado. Quem é, na sua opinião, o profissional responsável pelo desenvolvimento? Digam que é o professor, mesmo que não concordem, mesmo que saibam que, no Brasil, eles levam tapa na cara, são mortos por uma reprovação e recebem um salário tão incompatível com o árduo trabalho.
A verdade é que ninguém quer ser mais professor, e isso já era esperado. Eu mesma, se pudesse voltar e escolher outra coisa, teria feito. Mas, como já falei, ser professor é um dom, você nasce professor, da mesma forma que acredito que para ser médico é preciso nascer médico.
Recentemente o programa Profissão Repórter fez uma matéria sobre professores apaixonados pela profissão, mas frustrados com a realidade, assustados com as atitudes, com medo da sala-de-aula, com lágrimas nos olhos por esse amor ingrato pelo ambiente escolar.
Eu já disse várias vezes que, se um dia, um aluno levantar e me der um tapa, eu largo o meu diploma e arrebento o moleque. Eu não estudei 4 anos para pedir silêncio, para passar uma cópia, para dar um ditado. Eu não estudei 4 anos para um aluno fazer uma ameaça, achar que manda no meu pedaço. Eu não estudei 4 anos para ser uma coadjuvante. Mas eu estudei para ser protagonista, e o dia que eu não conseguir ocupar a cena principal junto de meus alunos e construir junto deles o conhecimento, de nada valerá mais o ensino em minha vida.
Então, a pessoa que nasce professor faz sua faculdade, paga suado cada mensalidade e, depois de muita leitura, estudo, seminários, trabalhos, estágios, apresentações, ela se forma professora apta a lecionar. Aplausos a ela? Eu pediria silêncio, porque é isso que será ouvido pela caminhada.
Professores, não esperem reconhecimento pelo trabalho. Poucos o farão. Agora se você falhar, sentirá todos os dedos apontando-o como culpado. Se for agredido, coitadinho; se for xingado, judiação; se for elogiado, ilusão.
Mas é isso mesmo, juventude. É essa resposta que vocês têm que dar: aqui não há nenhum tonto para ser professor. Mesmo que você nasça professor, não caia nessa.
Nós preparamos essas crianças para o mundo, somos ao mesmo tempo professor, família, abrigo, amigos, conselheiros, ouvintes, porto-seguro, pacientes, atentos, compreensivos, carinhosos, e só recebemos pelo professor, e muito pouco.
Tudo que gastamos para nos tornarmos professores de fato jamais será um ganho revertido financeiramente. Ganharemos sim todo calor humano, que acaba compensando tudo, o que faz com que aqueles que escolheram esse caminho continuem a trilha com esperança, como eu.

Não desmerecendo qualquer profissão, mas qualquer um ganha mais que um professor.
O salário, lógico, que não é tudo na escolha de uma profissão, mas, em se tratando de ser professor: o salário é nada.
Deixo aqui minha indignação com a realidade, minha revolta com essa propaganda apelativa e minha alegria pelo fato de que o recado chegou lá: Perdeu, playboy, aqui não tem mais ninguém querendo ser professor não!
Vou ficar feliz ao ver anúncios no jornal: procura-se professor. Acho que me sentirei como o mico leão dourado, ou como a arara-azul, extintos, mas finalmente, valorizados!
Concordo em parte. Ser professor não é um dom, é preciso muito estudo e trabalho. Se assim fosse, para que curso superior?
ResponderExcluirPois eu discordo. Os cursos superiores existem para todos aqueles que querem seguir carreira, mas somente os que nascem professores é que têm uma missão. Isso, meu caro anônimo, é para poucos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir